Educação como prática da liberdade - 1º

O presente livro é introduzido, diga-se de passagem, com muita consistência, com as palavras de Francisco C. Weffort, ex-secretário geral do PT e ex-ministro da Cultura no governo de FHC.

Dentre suas palavras quero destacar algumas e são elas:

* “A visão de liberdade tem nessa pedagogia uma posição de relevo.”

* “Eis aí um princípio essencial: a alfabetização e conscientização jamais se separam.”

* “...todo o aprendizado deve encontrar-se intimamente associado à tomada de consciência da situação real vivida pelo educando.”

* "O ponto de partida para o trabalho no círculo de cultura está em assumir a liberdade e a crítica como modelo do ser do homem."

* "O que fundamentalmete importa é que este homens particulares e concretos se reconheçam a si próprios, no transcurso do curso como criadores de cultura."

Sem dúvida, esse talvez seja o maior de todos os objetivos de Paulo Freire que trabalha com a conscientização do homem para que o mesmo se veja como sujeito, crítico, criador de cultura, concreto e não objeto ou massa, tal consciência de si mesmo, só pode lhe proporcionar a liberdade e autonomina no pensar e no educar-se.


* “Falamos de discussão, e este é um ponto capital para o aprendizado, pois segundo essa pedagogia a palavra nunca pode ser considerada um ‘dado’ (ou como uma doação do educador ao educando) mas é sempre, e essencialmente, um tema de debate para todos os participantes do círculo de cultura. As palavras não existem independente de uma significação real, de sua referência à situações.”

* " No método de ensino seria possível, por exemplo, encontrar algo da maiêutica socrática, pois como em Sócrates a conquista do saber se realiza através do exercício livre das consciências."

Como é dito nos seus livros, tem que ter muito "saco" (o "saco" é meu) para depois de um dia de muito trabalho e com muito cansaço ter que estudar palavras e frases sem significado real e concreto para si. Por exemplo: Eva viu a uva, Paulo Freire diz: Muitos (em determinadas regiões) nunca comeram uvas ou conhecem pessoas que se chamam Eva. Ou seja, trabalhar com algo que esteja tão distante da realidade do educando é o mesmo que impôr um aprendizado que não sendo muito animador, por se ver as palavras apenas como dados e não como vivas e significativas, acabam por gerar algumas coisinhas muito ruins:

1- Desanima e provoca dificuldade no aprendizado;

2- A dificuldade e o desânimo levarão, em muitos caso, muitos mesmo, à desistência;

3- Desistência por desânimo e por se achar incapaz gera frustração e talvez até trauma, eu que trabalho com alfabetização tenho visto que muitos não querem de jeito nenhum recomeçar seus estudos por que em suas cabecinhas já está definido que não aprenderão mesmo, ou seja, trauma.

Quando há discussão e dialogo (maiêutica) livre sobre um derminado assunto (s) com uma mediação (do educador) existe crescimento na área discutida, existe aprendizado e muito provavelmente um aprendizado que não é esquecido tão facilmente, pois não foi decorado, foi espontâneo e o que é natural fica como uma marca no ser, pois saiu do ser por ter sido gerado pelo ser.

* "... a idéia de liberdade só adquire plena significação quando comunga com a luta concreta do homem por libertar-se."

* "... do ponto de vista dessa pedagogia da liberdade, preparar a democracia não pode significar apenas preparar para conversão do analfabeto em eleitor, isto é, para um opção limitada pelas alternativas estabelecidas por um esquema de poder preexistente. Se esta educação só é possível enquanto compromete o educando como homem concreto, ao mesmo tempo o prepara para a crítica das alternativas apresentadas pelas elites e dá-lhe a possibilidade de escolher seu próprio caminho."

Sim, escolher o próprio caminho e lutar por libertar-se é a efetivação da liberdade do pensamento, liberdade de mente leva a uma natural mobilização para uma libertação da opressão e quando olhamos para as alternativas e criticamente escolhemos por uma ou, melhor ainda, quando criamos alternativas estou decidindo por ser ativo e participante e não passivo, estou sendo sujeito e não objeto, estou sendo gente, povo e não massa. Estou escolhendo o meu próprio caminho. Tem uma música do 14 bis que diz assim:

"Mesmo de brincadeira eu digo o que fala o coração, faço à minha maneira da vida nascer uma canção..."

Antes de mais nada é bom perguntarmos a nós mesmos se o nosso coração (mente, cabeça) ainda fala, se ele tem vontades próprias ou se ele é e tão somente é guiado pelo que nos foi dito ou escolhido. Se nosso coração ainda tem voz é um passo importante para que eu possa fazer à minha maneira, da vida, na vida e, por mais turbulenta que possa ser, nascer uma canção.

Até a próxima postagem.

Beijão!

Amâncio Pimentel
Caririaçu/CE, 4/11/2008 às 11:31h

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